Quando falamos sobre necessidades básicas da população carente, pensar sobre sustentabilidade parece algo muito distante – mas não impossível
A tal sustentabilidade que há alguns anos já virou moda entre as empresas, nem sempre tem o seu nome associado ao seu real significado que, nada mais é, do que a capacidade de cumprir com as necessidades do presente sem comprometer as mesmas das gerações futuras.
Mas, como pensar nesse conceito pelo viés das comunidades carentes, que veem o “futuro” como algo tão distante?
No Brasil 11,4 milhões de pessoas moram em favelas (IBGE, 2010). Num país, onde apenas 49% do esgoto gerado é tratado (SNIS, 2019), o acesso ao saneamento, direito previsto pela lei n° 11.445/2016, está longe de ser cumprido. E aí entramos em outro questionamento: para moradores que não possuem saneamento básico em suas casas, não seria uma hipocrisia imensa falar sobre sustentabilidade?
Embora a implantação de infraestrutura seja responsabilidade do poder público, existem caminhos complementares, que podem levar essa tal da sustentabilidade para as comunidades.
Para isso, é preciso entender que a imensa maioria dessas pessoas não teve acesso à educação – logo, o caminho da recompensa, seja ela emocional ou material, é um modo de aprendizagem mais rápido. De imediato, pensa-se: “O que eu vou ganhar com isso? Por que isso é importante para mim?”
Como recompensas materiais por uma atitude mais sustentável, podemos pensar em descontos em conta de energia, brindes ou dinheiro. Sob o ponto de vista emocional, visibilidade frente à sociedade e reconhecimentos de organizações e oportunidades para estudar, por exemplo.
Além disso, é preciso agir na base, formando crianças e adolescentes que ajam como agentes transformadores de novos comportamentos em suas casas. Por esse motivo, a escola deve ser um ambiente com atitudes mais sustentáveis, mesmo que simples, como reaproveitamento de materiais e campanhas de consumo consciente.
Se o jovem não possui esse ambiente em casa, ele precisa aprender na escola, em primeiro lugar.
Por fim, é preciso entender que a sustentabilidade não é um mito para pessoas que vivem em comunidades. Mas, não pode ser uma estratégia replicada. É preciso agir em necessidades básicas, como saneamento e educação, voltado para recompensas emocionais e/ou financeiras que contribuirão para um aprendizado que poderá enfrentar obstáculos, mas que, se feito de forma constante e integrada ao poder público, deverá trazer resultados inadiáveis.