Como o comportamento humano responde ao design? Como o design pode interferir no comportamento humano? A resposta mais certa para tal pergunta seria a memória.
Do ponto de vista fisiológico, memória é o armazenamento e evocação de informação adquirida através de experiências e que pode ser definida em dois campos: a memória genética (aquela que usamos para respirar, piscar) e a cultural (essa que é repassada de forma amplamente diversificada).
Para Maurice Halbwacks, a memória é construída em grupos, contudo, é também um trabalho individual. Em resumo, podemos dizer que há a distinção entre os termos “memória coletiva” e “memória individual”, porém, a memória individual não existe sozinha: ela sempre passa por contextos sociais, sendo assim, o fluxo é contínuo.
O autor também pauta a diferença entre a história e memória: a memória é contínua, sobrevive num processo de fluxo entre passado e presente, enquanto a história é uma linha contínua e reta dos grandes fatos da humanidade.
Memória gráfica é atentar-se para o cotidiano. Olhar para esses objetos gráficos é procurar sinais deixados pela sociedade daquele tempo do qual pertencia esse objeto, por isso, trabalhar com memória gráfica se torna tão especial: a busca imagética que revela vivências e costumes.
O design através de seus produtos, sejam utensílios, mobiliários, roupas ou produtos gráficos tais como jornais, revistas, livros, embalagens, rótulos, entre outros, possui relação direta com o público que o consome, refletindo identidades, denotando individualidade e retratando modos de vida.
Longe de ser uma atividade artística neutra e inofensiva, o design, por sua própria natureza, provoca efeitos muito mais duradouros do que os produtos, pois pode dar formas tangíveis e permanentes às ideias sobre quem somos e como nos devemos comportar.
Assim é possível considerar os bens produzidos, sejam eles utilitários ou produtos culturais, como suportes de memória da sociedade que os consumiu.
A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, suscetível de longas latências e repentinas revitalizações.