Paula Rocha é Pedagoga, Especialista em Jogos Cooperativos e Embaixadora da Rede Mulher Empreendedora. Também foi coautora do livro Mulheres que fazem acontecer” e sócia da Missão Criativa.
No mercado desde 2011, começou com a “Paula Rocha Consultoria Criativa” tendo como clientes grandes empresas como Natura, Masterfoods, Votorantim, Mexichem, CBA, entre outras. O trabalho da empresa foca em treinamentos utilizando metodologias lúdicas como dinâmicas, jogos e outros exercícios. Com a entrada de Clara Cortez em 2016, as empresas de pequeno porte passaram ter suas necessidades específicas atendidas pelos serviços daquela que passou a ser a Missão Criativa.
O 3 perguntas de hoje traz uma entrevista com a Paula, trazendo um olhar voltado para o empreendedorismo feminino na sociedade.
1) Sob um ponto de vista de desenvolvimento empresarial, qual a vantagem de empresas desenvolverem o perfil de líder em seus funcionários?
As empresas que criam espaço para o desempenho superior, certamente terão um resultado melhor. E o desempenho superior passa pelo engajamento, pelo comprometimento e porque não, um perfil de liderança!
Falar em perfil de liderança para aqueles que não exercem um cargo de gestão está diretamente ligado, ao meu ver, com duas competências: o Protagonismo e o Empreendedorismo.
Hoje se fala muito dentro das empresas, sobre Protagonismo e Intraempreendedorismo. Espera-se que os funcionários “agarrem a causa”, que tenham pró atividade e que agreguem valor onde trabalham. Isso quer dizer que vai muito além de cumprir as tarefas exigidas pelo cargo.
Porém é importante destacar que apenas almejar esses comportamentos e não dar condições para que eles aflorem nos funcionários é um grande erro das lideranças.
As empresas precisam apresentar metas, desafios e deixar claro onde pretende chegar e como cada funcionário contribuirá. Isso vai muito além de apresentar as tarefas que ele precisa concluir. Os funcionários precisam ter convicção de que são importantes para o resultado da empresa e que sua atuação pode fazer a diferença.
2) O que para você caracteriza um modelo de liderança tradicional? Quais mudanças foram necessárias para que eles fossem aprimorados?
Tivemos por muito tempo o modelo de liderança centrado no chefe. A frase “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” era uma verdade. O poder era exercido por meio do autoritarismo.
Com o passar do tempo, a profissionalização, globalização e volume de informações trouxeram aos profissionais a possibilidade de se destacar e se preparar. Entendo que isso fez com que aumentasse “a régua” também para aqueles que lideram. O modelo anterior não é mais efetivo nos dias de hoje.
Anteriormente as pessoas queriam se aposentar nas empresas, buscavam estabilidade. Hoje, buscam desafios, ascensão profissional e isso requer que o líder seja um profissional muito mais agregador, que participa decisões, que cria espaços para o diálogo. Ele precisa inspirar, “chamar” para o jogo e comunicar por meio de suas ações que estão caminhando juntos.
As pessoas buscam reconhecimento pelo que fazem e demonstram ter pressa. Muita pressa em crescer, em conquistar. Isso também desafia o líder a ter habilidade para lidar com a maturidade profissional do seu time (competência x desempenho) e obter sempre os melhores resultados.
Portanto, mudar é a única certeza que mantem os bons resultados de um líder!
3) Para você, qual o papel do empreendedorismo feminino negro na diminuição da desigualdade social?
Acredito que pode ser uma das possibilidades de diminuir a desigualdade social sim, mas estamos longe de que isso realmente aconteça na prática.
Pesquisas realizadas pela Rede Mulher Empreendedora (https://rme.net.br/pesquisa/) quando recortam a fatia de mulheres que empreendem, mostram que a gestão de Micro Empresas e Empresas de Pequeno Porte tem um número maior de mulheres brancas à frente dos negócios. Destaca que as empresas mais estruturadas ou maiores são geridas por mulheres brancas. Podem ser inúmeros os motivos, um deles a obtenção de crédito. Mas, essa diferença dentro do contexto empreendedor é um fator a ser destacado. A mulher ainda enfrenta desafios da igualdade de gênero em relação a posições de liderança, salários, e em relação ao empreendedorismo também e acredito que quando se trata da mulher negra, esse desafio é sim maior.