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Lucas Melara

3 Perguntas: Ana Bia Andrade, A Academia em Luta!


(Foto: Acervo Pessoal/ Desfile da DASPU na novela Caminho das Índias)


[ATUALIZAÇÃO 15/10/2024]


No dia 15 de outubro, o Brasil celebra o Dia dos Professores, uma data que nos convida a refletir sobre a importância desses profissionais que moldam o futuro e inspiram novas gerações. Neste contexto, destacamos a trajetória de Ana Bia Andrade, uma educadora que é um exemplo de dedicação, resiliência e empoderamento de comunidades.


Ana Bia é uma figura marcante no curso de Design da UNESP Bauru, onde suas aulas enriquecem a experiência acadêmica de seus alunos. Com uma trajetória que inclui a PUC-Rio, Estácio e o mercado de design, sua vivência é uma fonte rica de inspiração. Desde a adolescência, quando decidiu que o design seria sua vocação, Ana Bia enfrentou desafios significativos, como a liderança de um escritório e a necessidade de se reinventar em diferentes contextos. Sua passagem pela Marinha proporcionou novas perspectivas e ensinou a importância da disciplina e da determinação, valores que ela compartilha com seus alunos diariamente.


Em um cenário em que as desigualdades de gênero e etnicidade ainda são preocupantes, Ana Bia se posiciona como uma voz ativa na luta pela inclusão e visibilidade. Sua pesquisa de doutorado sobre a DASPU e as (in)visibilidades femininas reflete seu compromisso em abordar questões que afetam muitas mulheres, especialmente as negras, que frequentemente se veem à margem das narrativas dominantes. Para Ana, ser uma mulher negra é um orgulho que permeia sua identidade e prática docente, e ela se dedica a inspirar seus alunos a se posicionarem e a lutarem por seus direitos.


Com uma abordagem que valoriza o diálogo e o afeto, Ana ajuda seus alunos a encontrar suas vozes e a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades. A verdadeira felicidade reside nas conexões que estabelece e nas trocas de experiências que enriquecem a todos. Assim, o legado de Ana Bia se manifesta na vida dos jovens que ela influencia.

(Foto: Acervo Pessoal/2015 - Congreso Latinoamericano de Enseñanza del Diseño)


Ter a amizade e parceria de Ana Bia ao longo de 11 anos tem sido uma experiência rica. Sua presença enriquece meu aprendizado e me inspira a lutar por um mundo mais justo e inclusivo. A proximidade com ela é fundamental, pois Ana Bia oferece uma perspectiva única sobre design e educação, integrando teoria e prática de forma participativa. Sua paixão pela formação de novas gerações e seu compromisso com a igualdade são contagiantes, criando um ambiente de apoio e incentivo que estimula a criatividade e o crescimento pessoal.


A cada conversa, sou lembrado do poder da colaboração e da importância de construir redes de solidariedade, algo que ela exemplifica diariamente. Essa amizade é um pilar que fortalece minha trajetória e me motiva a seguir em frente, sempre em busca de novos desafios e conquistas.


Neste Dia dos Professores, celebramos Ana Bia Andrade e todos os educadores que, como ela, transformam vidas por meio do conhecimento e da paixão pelo ensino. Que possamos valorizar e reconhecer a importância desses profissionais que, com coragem e amor, se dedicam a formar um futuro mais justo e inclusivo.


Feliz Dia dos Professores! Que a luta e a dedicação de cada um inspirem novas gerações a seguir em frente, sempre em busca de seus sonhos e de um mundo melhor.


(MATÉRIA ORIGINAL)


Os segundanistas do curso de Design da UNESP Bauru recebem, em Metodologia Científica, muito mais que um professor de ABNT qualquer. Ana Beatriz Pereira de Andrade, Ana Bia, leciona sua aula inaugural com o impacto de sua trajetória profissional enquanto Designer e suas experiências de vida como mulher negra, que vão desde a Marinha do Brasil, refletida em sua personalidade (capaz de mergulhar em uma indústria gráfica e dentro de um avião de cargas, tudo isso em uma madrugada, para garantir o pedido do cliente), até a Academia, da PUC Rio, à Estácio de Sá e, finalmente à UNESP Bauru.


(Foto: Henrique Perazzi Aquino/Reprodução Facebook/Bloco Bauru sem Tomate é Misto )


Na cidade - lanche, acompanhada do fiel escudeiro Henrique Aquino, Ana Bia coloca em sua atuação na FAAC - Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP, o apreço pelas redes aprendido com Ana Branco, professora do Departamento de Design da PUC Rio. Essa influência se resume em uma diretriz de projetos essencial para Ana Bia e para o Desenvolvimento Social Sustentável: O Empoderamento de Pessoas e Comunidades. Atendendo essa necessidade básica, segue o ditado pessoal da entrevistada: "Tudo dá Projeto!". Assim, Ana Bia Andrade foi pioneira em expandir o impacto do Departamento de Design para Buenos Aires, na Argentina, onde é Embaixatriz do Congreso Latinoamericano de Enseñanza del Diseño, proposto pela Universidad de Palermo, com apresentação de diversos projetos que se reúnem ao redor de suas crenças sociais, trazendo visibilidade à diversidade no Setor 2,5 e do Design Social.


3 Perguntas

1. Quais foram seus principais desafios durante sua carreira, entre a Marinha, o Mercado e a Academia?


- Os desafios surgem a partir de escolhas. Fiz a minha: ter Design na veia aos quatorze anos de idade. Cursei a graduação na PUC-Rio como bolsista atleta, monitora de disciplinas de Projeto e estagiando junto ao designer Leon Algamis. Ao me formar, não tinha recursos financeiros para montar um escritório. Daí surgiu a oportunidade de ingressar na Marinha do Brasil, algo inesperado conforme minha ideologia político-social. Fui Terceiro Sargento Ana Andrade com muita alegria, criatividade, aprendizado e conquistas. Foram os três anos de quartel que me permitiram alcançar o sonho de fundar a Projeto Visual Comunicação Ltda. Junto com dois sócios e uma estagiária, trilhamos dez anos de bons trabalhos, prêmios e reconhecimento profissional no universo do Design. O Mestrado em Comunicação e Cultura nada teve a ver com intenção de ingressar na Academia. Sempre gostei de ler e escrever. Surgiu o convite para dar aulas com um antigo professor. Logo em seguida, já professora na Estácio de Sá, aceitei convite da PUC-Rio e da Gama Filho. Em 1999, montei um Curso de Formação Profissional com duração de dois anos (sem férias) em Design Gráfico. O Curso, com equipe altamente especializada e pós graduada, foi avaliado três vezes com conceito A pelo INEP/MEC. Foram 10 anos de muitas felicidades e trabalho intenso. Sempre participei de fóruns acadêmico-científicos por iniciativa própria e por encontros com amigos. Ao terminar o Doutorado fui demitida da Estácio e a UNESP Bauru me abriu as portas em Concurso Público. Sou uma carioca bauruense com muito orgulho!


2. Como você percebe o panorama atual em relação à desigualdade de gênero e etnicidade? Através desse olhar, quais são suas vitórias pessoais? E próximos objetivos?


- A intolerância é algo a estar em pauta todos os dias. Minha Tese de Doutorado trata das visibilidades e (in)visibilidades femininas. Penso que a mulher é mais visível do que tudo. É preciso aprender a se colocar em cena. Ser negra, preta, crioula, como queiram, é inerente a tudo. Está na pele! Não tem jeito. Sou uma mistura de pai branco com mãe negra. Tenho muito orgulho de me ‘comportar’ como uma pantera negra a la Angela Davis, Lélia Gonzalez (uma querida professora), Beatriz Nascimento, dentre tantas mulheres que me inspiram. Não sei se destaco vitórias, mas o dia a dia e o propósito de estar disponível para tantos jovens que ainda tem dúvidas acerca de opções, escolhas e definições de gênero e etnicidade. Sempre indo a luta.


3. Com relação à sua atuação profissional, o que você considera o seu principal legado? O que te inspira para isso?


- Acredito na vida. Tenho fé em cada minuto. Não sei se tenho legado. Tenho amigos. Tenho alunos e ex-alunos. São a minha fonte de força e inspiração para seguir em frente com erros e acertos. Eu acredito é na rapaziada que segue em frente e segura o rojão, e vou a luta com essa juventude (parafraseando Gonzaguinha). ‘Bora’ trabalhar que foi como aprendi a ser feliz!

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